Na Floresta Estadual do Trombetas, que abrange os municípios de Oriximiná, Óbidos e Alenquer, moradores tradicionais ajudam na conservação do espaço por meio da bioeconomia da castanha-do-pará, que, além de movimentar a economia, ajuda na disseminação da espécie. De acordo com a presidente da Associação Mista Agrícola Extrativista dos Moradores da Comunidade do Jamaracaru e Região (Acaje), Sidiane Sampaio, a coleta de sementes de castanha ajuda tanto na conservação da floresta, ao proteger a mata, quanto ao gerar renda para as comunidades locais.
“As comunidades que realizam a coleta aprendem a preservar os castanhais e a floresta, ou seja, essa atividade promove a valorização da cultura dos povos extrativistas”, observa. Ela ressalta, ainda, que um grupo de mulheres tradicionais da região confecciona biojoias. “Atualmente, as mulheres extrativistas têm investido na confecção de biojoias, utilizando como matéria-prima a floresta, como no caso do coco babaçu, a semente de cumaru, a castanha-do-pará e muitas outras espécies encontradas na floresta”, complementa a dirigente.
Sociobiodiversidade na Terra Indígena Alto Rio Guamá
Para além das florestas estaduais, a conservação ambiental também está presente na Terra Indígena Alto Rio Guamá, na divisa das regiões Nordeste e Sudeste do Estado, com atividades de extrativismo sustentável que conservam o bioma. É o que pratica a Associação das Mulheres Indígenas do Gurupi (AMIG), gerida pelas mulheres da etnia Tembé.
De acordo com a analista de gestão pública do Ideflor-Bio e uma das apoiadoras na criação do projeto, Jalva Braga, o grupo auxilia na conservação da terra indígena por meio de conhecimentos ancestrais, herdados por gerações. “Como a floresta possui todos os recursos necessários para produção da vida cotidiana e confecção dos produtos, preservá-la é ação central tanto das mulheres quanto de toda comunidade indígena”, explica.
Jalva destaca, também, que a coleta de sementes feita pela Associação ajuda na recuperação de territórios degradados na região, assim como gera renda para as mulheres indígenas. “A coleta de sementes é uma das principais atividades da AMIG, seja para restauração florestal do território, seja para confecção de suas biojoias e demais artefatos utilizados nos rituais, que também são momentos de divulgação da identidade do povo Tembé”, conclui a especialista.
Texto: Sinval Farias com a supervisão de Vinícius Leal (Ascom/Ideflor-Bio)