Curso de identificação e beneficiamento de sementes florestais fortalece comunidades indígenas no Pará

A iniciativa capacitou 84 agentes agroflorestais indígenas, integrando conhecimentos tradicionais com práticas modernas de manejo sustentável

O Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), em parceria com a Universidade do Estado do Pará (Uepa), promoveu um curso de técnicas de identificação, coleta e beneficiamento de sementes florestais. Destinada aos indígenas Tembé das aldeias Cajueiro, Tekohaw e Canindé na Terra Indígena Alto Rio Guamá (Tiarg), a iniciativa capacitou 84 agentes agroflorestais indígenas, integrando conhecimentos tradicionais com práticas modernas de manejo sustentável.

Vale destacar que a Terra Indígena Alto Rio Guamá, situada no município de Paragominas, região sudeste paraense, banhada pelos rios Uraim e Gurupi, é um dos últimos refúgios florestais contínuos da região. Este território desempenha um papel crucial na preservação de espécies de flora e fauna nativas, muitas das quais estão ameaçadas de extinção. Neste sentido, a capacitação dos indígenas é, portanto, um passo fundamental na gestão sustentável e na conservação deste ecossistema vital.

O curso, ministrado pela Diretoria de Gestão da Biodiversidade (DGBio) do Ideflor-Bio e pela Uepa, reuniu 84 participantes das aldeias mencionadas. Durante as aulas, os indígenas aprenderam técnicas avançadas de identificação e coleta de sementes florestais, além de métodos de beneficiamento que garantirão a viabilidade das sementes para projetos de restauração florestal na região.

De acordo com a técnica em Gestão Ambiental do Ideflor-Bio, Claudia Kahwage, a formação dos indígenas representa um marco significativo na conservação ambiental e no fortalecimento do protagonismo indígena. “Estamos capacitando os próprios indígenas para serem os guardiões de suas terras, promovendo o empoderamento e a valorização de seus conhecimentos tradicionais em prol da conservação da biodiversidade e da sustentabilidade ambiental no Pará”, afirmou.

Incentivo – Os participantes demonstraram grande entusiasmo com a oportunidade de adquirir novos conhecimentos e habilidades. Muitos expressaram o compromisso de compartilhar o aprendizado com suas comunidades, criando uma rede de conservação e manejo sustentável que beneficiará não apenas a Terra Indígena Alto Rio Guamá, mas toda a região.

Durante as atividades práticas do curso, foi possível identificar espécies raras na floresta da Tiarg, incluindo o Mutum-de-Penacho (Crax fasciolata pinima), uma ave criticamente em perigo de extinção. Este achado ressalta a importância da preservação da biodiversidade e do manejo sustentável promovido pelo curso.

Parcerias – É importante frisar que a realização do curso é parte do projeto “Apoio à Gestão e à Restauração Florestal da Terra Indígena Alto Rio Guamá”, que conta com várias parcerias. Em 2023, o Ideflor-Bio assinou um Acordo de Cooperação Técnica com a Uepa e o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad), uma instituição francesa que promove técnicas agrícolas sustentáveis. Além disso, a iniciativa está em diálogo com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) para garantir apoio institucional.

Ao final do curso, representantes da Secretaria de Meio Ambiente de Paragominas manifestaram interesse em adquirir sementes e mudas nativas dos Tembé para projetos de restauração florestal no município. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) Pará também firmou um acordo para oferecer capacitação em empreendedorismo e gestão de negócios às associações indígenas da Tiarg.

O presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, avalia que com essa capacitação, o Instituto e a Uepa reafirmam seu compromisso com a conservação da Amazônia e com o fortalecimento das comunidades indígenas. Ele acredita que a preservação das florestas e a recuperação de áreas degradadas dependem de iniciativas como esta, que combinam capacitação, conhecimento e respeito pelos saberes tradicionais das populações indígenas.

“Ao integrar conhecimentos tradicionais e científicos, o projeto não só promove a preservação ambiental, mas também valoriza e empodera os indígenas como protagonistas na gestão de seus territórios. Portanto, esta ação pioneira destaca a importância da colaboração entre instituições e comunidades locais na construção de um futuro sustentável”, enfatizou o presidente do órgão ambiental do Governo do Pará.

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