O secretário de Meio Ambiente de Concórdia do Pará, Magnaldo Andrade, apresentou a experiência do município, que nos últimos anos estruturou ações ambientais, criou o primeiro Bosque Municipal Pedro Desengrini, investiu em trilhas ecológicas, reflorestamento e educação ambiental ao ar livre. Para ele, políticas ambientais só se consolidam quando alcançam a população. “Quando a comunidade caminha pelas trilhas, planta árvores e aprende sobre a biodiversidade, ela entende que preservar é um ato cotidiano. É assim que a sustentabilidade deixa de ser discurso e se torna cultura”, destacou.
Ecoturismo – Já Júlio César Meyer, referência nacional na gestão de áreas protegidas e no movimento das trilhas de longo curso, apresentou os avanços da Trilha Amazônia Atlântica, um percurso de 460 km que atravessa cinco municípios e 13 áreas protegidas. A trilha movimenta turismo, gera renda local e fortalece a conexão entre natureza e pessoas. Meyer reforçou que trilhas são políticas públicas de conservação. “A cada passo, as pessoas percebem que a floresta é viva, grandiosa e necessária. Trilhas criam pertencimento e transformam visitantes em defensores do território”, disse.
O painel também ganhou um olhar voltado à dinâmica do ecoturismo, apresentado por Bruno Borges, diretor da Amazônia Aventura. A empresa atua dentro de unidades de conservação com atividades como trilhas, rapel, tirolesa e rapel, conectando lazer, cultura e proteção ambiental. Borges defendeu que o turismo de natureza precisa ser aliado do clima e da floresta. “O futuro do turismo é regenerativo. Se ele não contribuir para conservar, não faz sentido existir. A Amazônia é a grande protagonista desse novo modelo”, ressaltou.
Comunicação – Fechando o painel, o jornalista Pablo Allves apresentou o case Atalaia, uma ação de comunicação estratégica desenvolvida pelo Ideflor-Bio após a interdição de uma área de desova de tartarugas em Salinópolis. Antes rejeitada pela população e pela mídia local, a medida se transformou em exemplo de orgulho após campanhas educativas, visitas guiadas e ações de aproximação com moradores e turistas. “A comunicação mudou tudo. Quando a ciência virou história, quando o bloqueio virou vida, as pessoas entenderam por que proteger. Hoje, a comunidade celebra cada ninho e cada filhote que corre para o mar”, afirmou Pablo.
A experiência mostrou como a comunicação deixou de ser apenas informativa para se tornar uma estratégia de construção de consciência coletiva. Em dois anos, a iniciativa transformou críticas em apoio popular, ampliou a cobertura positiva da imprensa e fez da proteção dos ninhos um símbolo de pertencimento. Inspirado pelo sucesso, o Ideflor-Bio já prepara novas ações para 2026, envolvendo comunidades nos parques estaduais de Monte Alegre e da Serra dos Martírios-Andorinhas.
Para o presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, levar o primeiro painel do Instituto ao Pavilhão Pará, na COP30, é mostrar ao mundo que o Pará constrói políticas ambientais a partir da floresta e das pessoas. As unidades de conservação são mais do que áreas protegidas — são espaços de conhecimento, turismo, pertencimento e transformação social. Nosso compromisso é garantir que a Amazônia continue viva, inspirando desenvolvimento sustentável e esperança para as próximas gerações”, frisou.