Ideflor-Bio e IFPA firmam parceria para criação em cativeiro de jatuarana no Lago de Tucuruí

O objetivo é reduzir a pressão sobre os estoques naturais e promover a transferência de conhecimento para as comunidades pesqueiras

Em uma ação pioneira voltada à sustentabilidade e à preservação dos recursos naturais, o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) e o Instituto Federal do Pará (IFPA) – Campus Tucuruí assinaram um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) para desenvolver tecnologia voltada à reprodução, alevinagem e engorda em cativeiro da jatuarana (Hemiodus unimaculatus). A cerimônia de assinatura foi realizada na segunda-feira (14), no auditório do IFPA, em Tucuruí, e contou com a presença de representantes das duas instituições.

Participaram da solenidade a reitora do IFPA, Ana Paula Palheta, e o diretor-geral do Campus Tucuruí, professor Midson César Feitosa Cardoso. Representando o presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, esteve presente o diretor de Gestão e Monitoramento de Unidades de Conservação, Ellivelton Carvalho, que destacou a importância estratégica da parceria.

“O Ideflor-Bio celebra um importante passo rumo ao futuro da pesca sustentável. Em parceria com o IFPA, assinamos um convênio com foco na jatuarana, espécie nativa da região e de grande relevância para a pesca artesanal. O objetivo é reduzir a pressão sobre os estoques naturais e promover a transferência de conhecimento para as comunidades pesqueiras. A essência com propósito é sustentabilidade com identidade amazônica”, enfatizou.

A iniciativa visa enfrentar um desafio ambiental e socioeconômico histórico na área do reservatório da Usina Hidrelétrica (UHE) de Tucuruí. A jatuarana, muito apreciada na culinária local — especialmente em municípios como Itupiranga — é frequentemente capturada com o uso de malhas ilegais, como a malha 5, voltada à pesca de peixes de pequeno porte. Essa prática, proibida no lago, é comum na pesca artesanal. O ACT propõe, portanto, uma alternativa sustentável que alie preservação ambiental à valorização das tradições locais.

Monitoramento

Segundo a gerente da Região Administrativa do Mosaico Lago de Tucuruí do Ideflor-Bio, Keylah Borges, a pesca predatória da jatuarana é uma das principais causas de apreensão de redes ilegais na região. “É uma espécie muito consumida culturalmente, mas que exige o uso de equipamentos proibidos. Pensando nisso, procuramos o IFPA, referência em aquicultura, para desenvolver uma pesquisa sobre sua reprodução em cativeiro. Com isso, podemos oferecer ao pescador uma alternativa legal e segura de renda, além de evitar a extinção da espécie no lago”, explicou.

O projeto técnico do ACT estabelece dez metas, que serão executadas em etapas, incluindo a captura de matrizes reprodutivas, adaptação em ambiente controlado, ensaios reprodutivos, larvicultura, alevinagem e engorda. A tecnologia será desenvolvida em tanques de lona vinílica e tanques-rede, com avaliações sobre o desempenho reprodutivo e produtivo em diferentes condições de cultivo. Ao final do projeto, será elaborado um pacote técnico-científico com potencial de replicação por pescadores e produtores locais.

Preservação

Além de contribuir para a preservação da biodiversidade do Lago de Tucuruí, a parceria também tem como meta capacitar comunidades ribeirinhas e pesqueiras para aplicar o conhecimento gerado. A transferência de tecnologia será realizada por meio de oficinas e capacitações, com foco na autossuficiência dos pescadores e no fortalecimento de uma cadeia produtiva sustentável e geradora de renda.

A reitora do IFPA, Ana Paula Palheta, e o diretor-geral do Campus Tucuruí, professor Midson César Feitosa Cardoso, ressaltaram a importância da pesquisa aplicada em benefício da sociedade local. “A missão do IFPA é desenvolver ciência com impacto social. Esta cooperação com o Ideflor-Bio demonstra como o conhecimento técnico e científico pode contribuir diretamente para resolver problemas ambientais e fortalecer as comunidades amazônicas”, afirmou o diretor.

Com a assinatura do ACT, Ideflor-Bio e IFPA iniciam uma jornada que une ciência, tradição e conservação. A jatuarana, símbolo cultural da região, passa a contar com uma estratégia que garante sua presença nas mesas paraenses sem comprometer o equilíbrio ecológico do Lago de Tucuruí.

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