O Mosaico de Unidades de Conservação (UCs) do Lago de Tucuruí completa, neste mês, 23 anos de existência. Criado pela Lei Estadual nº 6.451, de 8 de abril de 2002, o conjunto de áreas protegidas do sudeste paraense é composto por três áreas protegidas: a Área de Proteção Ambiental (APA) Lago de Tucuruí, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Alcobaça e a RDS Pucuruí-Ararão. As UCs estão sob a gestão do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio) e abrangem sete municípios da região.
O Mosaico ocupa um papel estratégico na preservação ambiental e na promoção de atividades sustentáveis em uma região marcada pela diversidade biológica, socioeconômica e cultural. A APA do Lago de Tucuruí é a maior das três UCs e a 8ª maior UC estadual em extensão, com mais de 503 mil hectares. Já as RDSs Alcobaça e Pucuruí-Ararão funcionam como territórios de manejo sustentável, com foco nas populações tradicionais, em especial as que vivem em ilhas e margens do lago formado pela Usina Hidrelétrica (UHE) Tucuruí.
Conquista – A gerente da Região Administrativa do Mosaico Lago de Tucuruí, Keylah Borges, destaca que o trabalho realizado tem transformado a relação das comunidades com o meio ambiente. “Esses 23 anos representam não apenas a preservação dos recursos naturais, mas também o fortalecimento das populações locais. A consolidação do Plano de Manejo e o diálogo constante com os moradores têm promovido uma convivência mais equilibrada entre conservação e desenvolvimento”, afirmou.
Em junho de 2022, o Governo do Pará entregou o primeiro Plano de Manejo do Mosaico e o primeiro na gestão Helder Barbalho. O documento técnico que organiza o uso do território, o manejo dos recursos naturais e os programas de gestão nas três UCs. Elaborado pelo Ideflor-Bio, o Plano segue as diretrizes do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e serve como instrumento central para o ordenamento da ocupação humana e das atividades econômicas na região, como a pesca, a aquicultura e a pecuária.
Sobre as UCs – A APA do Lago de Tucuruí, por sua extensão e características geográficas, também se destaca por sua beleza cênica e atrativos turísticos, com forte apelo para o turismo ecológico e esportivo. A prática da pesca esportiva tem ganhado força, estimulada por eventos locais e pela filosofia do “pesque e solte”, o que também favorece a conservação das espécies. Locais como o Pedral do Lourenço, a Estrada de Ferro Tocantins e a caixa d’água da Velha Jacundá mantêm viva a memória cultural da região.
A RDS Alcobaça, por sua vez, ocupa 36 mil hectares compostos por ilhas com alta densidade populacional tradicional. Cerca de 78% de sua área é formada por porções aquáticas. Seu objetivo é garantir o equilíbrio entre conservação ambiental e qualidade de vida das comunidades locais, que possuem conhecimentos ancestrais sobre o uso sustentável dos recursos naturais e desempenham papel crucial na proteção da biodiversidade.
O presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, reafirma o compromisso do governo estadual com as unidades de conservação. “O Mosaico do Lago de Tucuruí é um exemplo de como é possível conciliar desenvolvimento humano com preservação ambiental. Nosso trabalho segue firme na missão de promover políticas públicas que garantam o uso sustentável e responsável do território, com foco na valorização da biodiversidade e no protagonismo das comunidades tradicionais”, enfatizou.
As celebrações pelos 23 anos do Mosaico incluem ações de capacitações para pescadores artesanais, ribeirinhos e agricultores familiares em áreas de beneficiamento de pescado, manutenção de motores rabeta e implantação de Sistemas Agroflorestais (SAFs) e, principalmente, o ato de assinatura do convênio com Instituto Federal do Pará (IFPA) Tucuruí, para realização de pesquisa sobre a reprodução da espécie jatuarana em cativeiro.