Novo santuário de árvores gigantes na Amazônia é revelado no oeste do Pará

Estado lidera estudos para a criação da nova Unidade de Conservação (UC) que vai proteger ainda mais a maior árvore da América do Sul e a quarta maior do mundo

Uma descoberta monumental na Amazônia ganha destaque: um novo santuário de árvores gigantes foi revelado na Floresta Estadual (Flota) do Paru, no oeste paraense. A descoberta iniciou em 2022, quando foi encontrado um angelim-vermelho (Dinizia excelsa) de 88,5 metros de altura e 3,15 metros de diâmetro foi identificado, sendo então, a maior árvore da América do Sul e a quarta maior do mundo.

Cercando o angelim-vermelho, cientistas descobriram pelo menos mais 38 outras árvores de grande porte, duas delas com mais de 80 metros de altura. Essa concentração impressionante de árvores gigantes aponta para a rica biodiversidade do território, reforçando a importância de sua proteção. 

Em maio deste ano, uma nova expedição foi realizada para aprofundar análises físicas e biológicas na região, o que levou à descoberta de um novo santuário de árvores gigantes.

A expedição científica, organizada pelo Governo do Pará, por meio do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), em parceria com o Instituto Federal do Amapá (IFAP), a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e com financiamento do Andes Amazon Fund (AAF), marcou um passo significativo na conservação desses vegetais colossais. 

Para o presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, a descoberta do angelim-vermelho é um testemunho da grandiosidade e biodiversidade da Amazônia e simboliza a importância da preservação desse ecossistema único. “Essa árvore monumental não só é a maior da América do Sul, mas também simboliza a importância da preservação desse ecossistema único. A recente expedição de 2024 reforça nosso compromisso em proteger essas áreas prioritárias, e a criação de uma área protegida dedicada às árvores gigantes é um passo crucial. O Governo do Pará, por meio do Ideflor-Bio, assim como nossos parceiros, está determinado a garantir que essas maravilhas naturais sejam preservadas para as futuras gerações”, enfatizou.

Expedição – Entre os dias 16 e 30 de maio de 2024, uma equipe multidisciplinar de pesquisadores e técnicos do Ideflor-Bio, IFAP e FAS percorreu rios e trilhas da Flota do Paru. O processo foi para coletar dados para a caracterização de uma área florestal de 560 mil hectares, que abrange uma zona de concentração das árvores gigantes. Esse levantamento fornecerá subsídios para transformar parte da Flota do Paru em uma nova área de proteção integral.

A expedição revelou novos exemplares de árvores gigantes, incluindo angelins-vermelhos e outras espécies, com alturas superiores a 65 metros. O maior espécime registrado mede aproximadamente 73 metros de altura e 3 metros de diâmetro. Os achados indicam que a ocorrência de árvores gigantes é mais frequente e dispersa do que se esperava, aumentando a necessidade de proteger uma vasta extensão de floresta primária.

Para a engenheira florestal e técnica do Ideflor-Bio, Luciana Santos, a Flota do Paru, como UC de Uso Sustentável, exemplifica a importância da recategorização parcial da área para a Proteção Integral. A especialista destaca, ainda, a necessidade de preservar esses santuários e garantir a proteção da biodiversidade amazônica.

“Isso mostra o quanto devemos preservar realmente esses santuários, e mostra a importância do IDEFLOR-Bio enquanto órgão, recategorizar parcialmente essa área em uma nova categoria, de proteção integral. O estado precisa continuar presente na proteção da biodiversidade amazônica, uma biodiversidade grande”, afirmou Luciana Santos.

Relevância – As árvores gigantes da Amazônia desempenham um papel crucial na manutenção da biodiversidade e no equilíbrio ecológico do bioma. Elas ajudam na regulação do clima, absorvendo grandes quantidades de carbono da atmosfera e mitigando os impactos da crise climática. Além disso, são habitat para uma vasta gama de espécies de fauna e flora, contribuindo para a proteção da diversidade biológica regional.

O engenheiro florestal e professor do IFAP, Diego Armando Silva, reforça que a criação da UC não só protegerá essas árvores monumentais, como também promoverá a pesquisa científica e a sustentabilidade na região. Ele explica que esses esforços são fundamentais para garantir a preservação de um patrimônio natural e cultural inestimável.

Nova UC – A próxima etapa no processo de criação da UC das Árvores Gigantes será a realização de consultas públicas com os moradores do Distrito de Monte Dourado, em Almeirim e que abrange essa porção da floresta. Essa ação busca assegurar que a comunidade local esteja envolvida e informada sobre os benefícios e objetivos da nova área protegida.

O Projeto “Árvores Gigantes Para Uma Nova Era – Áreas Protegidas no Estado do Pará” apoia essas ações, levando assistência técnica aos órgãos ambientais do estado e buscando fortalecer outras UCs no Pará. O superintendente de Inovação e Desenvolvimento Institucional da FAS, Victor Salviati, destaca que a recategorização parcial da Flota do Paru representa o compromisso do estado com a conservação da Amazônia.

“É uma honra para a FAS prover apoio técnico e buscar parceiros financiadores para intensificar as ações de conservação e proteção no estado do Pará. A recategorização parcial da Flota é muito simbólica e representa o comprometimento do estado com a conservação da Amazônia”, ressaltou Victor Salviati.

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