O Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) apresentou, nesta terça-feira (18), no Pavilhão Pará, na Green Zone da COP30, o painel “Estratégias para a Consolidação de Quintais Produtivos como Instrumento de Segurança Alimentar em Soure–PA”. A discussão reuniu especialistas, gestores públicos e parceiros institucionais para debater caminhos de fortalecimento da produção agroecológica e do uso sustentável dos quintais, como alternativa de geração de renda e melhoria da qualidade de vida das famílias marajoaras.
A gerente do Escritório Regional do Marajó Oriental do Ideflor-Bio, Osiane Barbosa, destacou a importância estratégica do projeto para o território e seu potencial de transformação social. “A sociedade está caminhando, e nós precisamos acordar para os detalhes na escolha dos projetos que desenvolvemos. Os quintais produtivos são, para mim, a menina dos olhos do nosso escritório regional”, afirmou.
Segundo ela, além de contribuir com o monitoramento ambiental e o turismo de natureza — vocações naturais do Marajó — a iniciativa representa uma alternativa concreta de renda para muitas famílias.
Osiane Barbosa ressaltou, ainda, que em Soure, no Marajó, onde o projeto foi iniciado, há 7.953 famílias. Destas, 100 já participam do projeto, que deverá chegar a outros seis municípios da região. A meta, adiantou a gerente, é evoluir de um projeto para um programa estruturado de segurança alimentar, destinado à merenda escolar, a mercados locais e, futuramente, chegar até a Ceasa, em Belém com alimentos saudáveis produzidos nos municípios contemplados.
Parceria – O secretário de Meio Ambiente de Soure, Rubens Figueira, reforçou o valor da parceria institucional e da abertura promovida pela COP30 para construir soluções conjuntas. “Quero agradecer pela oportunidade de colocar esse painel para discussão. Escutar, aprender, buscar conhecimento e debater sobre quintais produtivos já é, por si só, muito válido. Discutir meio ambiente em conjunto é sempre uma boa ação”, disse o secretário, destacando que a iniciativa integra a agenda municipal de fortalecimento de práticas sustentáveis e de apoio às comunidades rurais.
A representante da Fundación Avina, Lana Lina, ressaltou que os quintais produtivos se consolidam como ferramentas fundamentais de adaptação climática, autonomia alimentar e protagonismo comunitário — princípios alinhados aos compromissos globais debatidos na COP30. Para ela, iniciativas como a de Soure ampliam a capacidade das famílias de produzir seu próprio alimento de forma sustentável, fortalecendo as economias locais e reduzindo vulnerabilidades sociais.
Segurança alimentar – O painel reforçou, ainda, a convergência entre políticas públicas, organizações parceiras e comunidades rurais do Marajó na construção de um modelo sustentável de segurança alimentar. Com o avanço do projeto e sua possível evolução para um programa regional, Ideflor-Bio e parceiros vislumbram um futuro em que os quintais produtivos se tornem motores de desenvolvimento social, conservação ambiental e autonomia econômica para as famílias marajoaras — mostrando, na COP30, que soluções locais podem gerar impactos globais.
O representante da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), Hildegardo Nunes, destacou a importância de integrar conhecimento técnico e práticas tradicionais para ampliar resultados. Ele lembrou que os quintais produtivos são, historicamente, espaços de cultivo diversificado, manejo familiar e produção de alimentos saudáveis, e que a consolidação dessa política requer apoio técnico contínuo, organização comunitária e articulação com mercados consumidores.
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