PROJETO PROSAF

O estado do Pará vivencia há décadas um intenso processo de transformação das suas paisagens naturais, sendo isto, muitas vezes, com significativa contribuição de políticas de desenvolvimento que promoveram a substituição da floresta por outros tipos de uso do solo. Entre as atividades que contribuem para a degradação florestal, destaca-se a pecuária extensiva, agricultura tradicional na base do corte e queima, mineração ilegal, exploração ilegal de madeira e mais recentemente o cultivo de grãos que em muitos casos avança sobre o componente florestal sem muitos critérios, além da própria urbanização. Tais alterações são muito visíveis ao longo de importantes rodovias que cortam o estado, como BR-010, BR-163, BR-230, BR-316 e a estadual transitória PA-150/BR-158. 

O processo de uso da terra, desde os primórdios, fora baseado na “derruba e queima” da floresta, o que tem se perpetuado ao longo do tempo. Neste cenário, estudos revelam que 90% da cobertura florestal original da mesorregião do nordeste paraense já foi convertido em vegetação secundária, que por sua vez passa a ser a principal fonte de produtos e serviços florestais (ecossistêmicos) às comunidades rurais. Diante dessa realidade e da premente necessidade de manter seu sustento, os agricultores familiares começam a experimentar outras formas de uso do solo, expandindo seus quintais florestais para parcelas dos seus agroecossistemas, denominados de sítios, que a ciência erudita convencionou de Sistemas Agroflorestais – SAF’s.

Os SAF’s são definidos na Resolução CONAMA N° 429/06 como: “sistemas de uso e ocupação do solo em que plantas lenhosas perenes são manejadas em associação com plantas herbáceas, arbustivas, arbóreas, culturas agrícolas, forrageiras em uma mesma unidade de manejo, de acordo com arranjo espacial e temporal, com alta diversidade de espécies e interações entre estes componentes”. Um dos principais objetivos dos SAF’s é otimizar a produção por unidade de superfície, respeitando sempre o princípio do rendimento contínuo, promovendo a conservação e a manutenção do potencial produtivo dos recursos naturais renováveis (conservação do solo, água, fauna e flora). Os Sistemas Agroflorestais são considerados importante ferramenta para a recomposição florestal, promovendo a reinserção das áreas alteradas no processo produtivo, diminuindo a pressão sobre os espaços protegidos e servindo de modelo na gestão ambiental de propriedades de agricultores familiares. 

Nessa perspectiva, desde 2013, o IDEFLOR-Bio por meio de sua Diretoria de Desenvolvimento da Cadeia Florestal – DDF, desenvolve o Projeto PROSAF que tem como objetivo contribuir com a recuperação de áreas alteradas, provenientes da agricultura familiar, utilizando como principais estratégias a instalação de viveiros florestais para a produção de mudas de qualidade e a implantação de Sistemas Agroflorestais – SAF’s Comerciais, visando maior diversidade alimentar, geração de renda, aliado à recomposição do passivo ambiental das propriedades. 

No âmbito do PROSAF, os Viveiros de Produção de Mudas são parte integrante da metodologia visto que são a ferramenta fundamental para aquisição das mudas, indispensáveis à recomposição das áreas alteradas e/ou degradadas. Desde a implementação do Projeto PROSAF, o IDEFLOR-Bio já realizou a instalação de mais de 250 viveiros (institucionais, comunitários coletivos e/ ou individuais), o que representa uma capacidade instalada de produção de aproximadamente 4.011.040 mudas. A produção de mudas é, portanto, condição para à recuperação de áreas alteradas e/ou degradadas, pois sem elas não é possível implantar os Sistemas Agroflorestais – SAF’s. 

Porém, as ações do PROSAF ultrapassam a instalação do viveiro, e incluem a capacitação de técnicos e agricultores familiares em técnicas de produção de mudas e técnicas de implantação de Sistemas Agroflorestais Comerciais. Além de ampliar a oferta de sementes e mudas de frutíferas e essências florestais com boa qualidade genética e fisiológica. 

É importante destacar que o cultivo de Sistemas Agroflorestais – SAF’s oportuniza a geração de emprego e renda às famílias envolvidas, promove a disseminação de conhecimento sobre espécies nativas apropriadas, bem como, de arranjos agrossilviculturais de importância econômica local e social e converge para o desenvolvimento sócio-econômico de comunidades com diferentes níveis de necessidade de recuperação ambiental.

Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará

Rua do Utinga, nº 723, Curió-Utinga – Belém-PA – CEP: 66610-010
Horário de Atendimento: das 08:00h às 17:00h de segunda a sexta-feira

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